2ª Dinastia - A Dinastia Joanina
2ª Dinastia
Dinastia de Avis ou Dinastia Joanina
A Dinastia de Avis ou Dinastia Joanina foi a segunda dinastia a reinar em Portugal, entre 1385 e 1581. Teve início no final da Crise de 1383-1385, quando D. João Mestre da Ordem de Avis, filho natural de el-rei D. Pedro I, foi aclamado Rei nas Cortes de Coimbra.
É também a sucessora familiar da anterior, pois o primeiro Rei da Dinastia de Avis era filho ilegítimo do rei D. Pedro I da Dinastia de Borgonha. Com esta dinastia, inicia-se o período dos Descobrimentos Portugueses.
Os Reis da 2ª Dinastia
D. João I de Portugal (1357 – 1433), foi o décimo Rei de Portugal e o primeiro da Dinastia de Avis, com o cognome de O de Boa Memória. Filho ilegítimo do Rei D. Pedro I, meio-irmão de D. Fernando e 3º Mestre da Ordem de Avis, foi aclamado Rei na sequência da crise de 1383-1385, que ameaçava a independência de Portugal. Com o apoio do condestável do reino, Nuno Álvares Pereira, e aliados ingleses, travou a Batalha de Aljubarrota contra o Reino de Castela, que invadira o país. Primeiramente, foi reconhecido como Regedor e Defensor do Reino e anos mais tarde, foi reconhecido oficialmente como Rei de Portugal. Casou com D. Filipa de Lencastre e dedicou-se desde então ao desenvolvimento do reino. Em 1415 conquistou Ceuta, cidade estratégica para a navegação no norte de África, o que iniciaria a Expansão Portuguesa. Aí foram armados cavaleiros os seus filhos D. Duarte, D. Pedro e o Infante D. Henrique, irmãos da chamada ínclita geração.
D. Duarte I de Portugal (1391 – 1438) foi o décimo-primeiro Rei de Portugal, cognominado o Eloquente ou o Rei-Filósofo, pelo seu interesse pela cultura e pelas obras que escreveu. Filho de D. João I de Portugal e D. Filipa de Lencastre, desde cedo foi preparado para reinar como primogénito da ínclita geração. Em 1433 sucedeu a seu pai. Num curto reinado de cinco anos, deu continuidade à política de exploração marítima e de conquistas em África. O seu irmão, Infante D. Henrique, de Sagres, dirigiu as primeiras navegações e, em 1434, Gil Eanes dobrou o Cabo Bojador. Numa campanha mal sucedida a Tânger, o seu irmão D. Fernando foi capturado e morreu em cativeiro. D. Duarte interessou-se pela cultura e escreveu várias obras, como o Leal Conselheiro e o Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela. Preparava uma revisão da legislação portuguesa quando morreu, vitimado pela Peste.
D. Afonso V de Portugal (1432 - 1481), foi o décimo-segundo Rei de Portugal, cognominado O Africano, pelas conquistas no Norte de África. Filho do Rei D. Duarte, sucedeu-o em 1438 com apenas seis anos de idade. Por ordem paterna, a regência foi atribuída a D. Leonor de Aragão, sua mãe, mas passaria para o seu tio D. Pedro, Duque de Coimbra. Em 1448, D. Afonso V assumiu o governo e, com o apoio do tio D. Afonso I, Duque de Bragança, declarou D. Pedro inimigo do reino, derrotando-o na Batalha de Alfarrobeira. Concentrou-se, então, na expansão no norte de África, onde conquistou Alcácer Ceguer, Anafé, Larache, Arzila e Tânger. Arrendou a Costa Africana a Fernão Gomes, com a condição de este a explorar, o que o levaria, em 1471, à Mina, onde descobriu um florescente comércio de ouro, cujos lucros auxiliaram o Rei na conquista. Em 1475, na sequência de uma crise dinástica, D. Afonso V casou com a sobrinha D. Joana de Trastâmara, assumindo pretensões ao trono de Castela, que invadiu. Após fracassar na Batalha de Toro, com sintomas de depressão, D. Afonso abdicou para o filho, D. João II de Portugal, acabando por falecer em 1481.
D. João II de Portugal (1455 – 1495) foi o décimo-terceiro Rei de Portugal, cognominado O Príncipe Perfeito, pela forma como exerceu o poder. Filho do Rei Afonso V de Portugal, acompanhou o seu pai nas conquistas de África e foi armado cavaleiro na conquista de Arzila. Enquanto D. Afonso V enfrentava os castelhanos, o príncipe assumiu a direção da Expansão Marítima Portuguesa iniciada pelo seu tio-avô, Infante D. Henrique. D. João II de Portugal sucedeu ao seu pai após a sua abdicação em 1477, mas só ascendeu ao trono após a sua morte, em 1481. Governando desde então sem oposição, João II foi um grande defensor da política de Exploração Atlântica, dando prioridade à busca de um Caminho Marítimo para a Índia. Após ordenar as viagens de Bartolomeu Dias e de Pêro de Covilhã, foi D. João II que delineou o projeto da primeira viagem. O seu único herdeiro, o príncipe Afonso de Portugal, estava prometido, desde a infância, a Isabel de Aragão e Castela, ameaçando herdar os tronos de Castela e Aragão. Contudo, o jovem príncipe morreu numa misteriosa queda em 1491 e durante o resto da sua vida D. João II tentou, sem sucesso, obter a legitimação do seu filho bastardo Jorge de Lancastre. Em 1494, na sequência da viagem de Cristóvão Colombo, que recusara, D. João II negociou o Tratado de Tordesilhas com os Reis Católicos. Morreu no ano seguinte sem herdeiros legítimos, tendo escolhido para sucessor o duque de Beja, seu primo direito e cunhado, que viria a ascender ao trono como D. Manuel I de Portugal.
D. Manuel I de Portugal (1469 - 1521) foi o décimo-quarto Rei de Portugal, cognominado O Venturoso, O Bem-Aventurado ou O Afortunado, tanto pelos eventos felizes que o levaram ao trono, como pelos que ocorreram no seu reinado. D. Manuel I ascendeu inesperadamente ao trono em 1495, em circunstâncias excecionais, sucedendo ao seu primo direito, João II de Portugal, de quem se tornara protegido. Prosseguiu as Explorações Portuguesas iniciadas pelos seus antecessores, o que levou à Descoberta do caminho marítimo para a Índia, do Brasil e das ambicionadas "ilhas das especiarias", as Molucas, determinantes para a expansão do Império Português. Foi o primeiro Rei a assumir o título de Senhor do Comércio, da Conquista e da Navegação da Arábia, Pérsia e Índia. No seu reinado, apesar da sua resistência inicial, cumprindo as cláusulas do seu casamento com D. Maria de Aragão, viria a autorizar a instalação da Inquisição de Portugal. Com a prosperidade resultante do comércio, em particular o de especiarias, realizou numerosas obras cujo estilo arquitetónico ficou conhecido como Manuelino.
D. João III de Portugal (1502 - 1557) foi o décimo-quinto Rei de Portugal, com o cognome O Piedoso ou O Pio, pela sua devoção religiosa. Filho do Rei Manuel I de Portugal, sucedeu-lhe em 1521, aos 19 anos. Herdou um império vastíssimo e disperso, nas ilhas atlânticas, costas ocidental e oriental de África, Índia, Malásia, Ilhas do Pacífico, China e Brasil. Continuou a política centralizadora do seu pai. Durante o seu reinado, foi obrigado a negociar as Molucas com Espanha, no Tratado de Saragoça e adquiriu novas colónias na Ásia - Chalé, Diu, Bombaim, Baçaim e Macau - e um grupo de portugueses chegou pela primeira vez ao Japão em 1543, estendendo a presença portuguesa de Lisboa até Nagasaki. Para fazer face à pirataria, iniciou a colonização efetiva do Brasil, que dividiu em Capitanias Hereditárias, estabelecendo o governo central em 1548. Ao mesmo tempo, abandonou diversas cidades fortificadas em Marrocos, devido ao custos da sua defesa face aos ataques muçulmanos. Viu morrer os dez filhos que gerou e a crise iniciada no seu reinado amplificou-se sob o governo do seu neto e sucessor, o Rei Sebastião de Portugal.
D. Sebastião I de Portugal (1554 - 1578) foi o décimo-sexto Rei de Portugal, cognominado O Desejado, por ser o herdeiro esperado da Dinastia de Avis, mais tarde nomeado O Encoberto ou O Adormecido. Foi o sétimo Rei da Dinastia de Avis, neto do Rei João III, de quem herdou o trono com apenas três anos. A regência foi assegurada pela sua avó Catarina da Áustria e pelo Cardeal Henrique de Évora. Aos 14 anos assumiu a governação, manifestando grande fervor religioso e militar. Solicitado a cessar as ameaças às Costas Portuguesas e motivado a reviver as glórias do passado, decidiu montar um esforço militar em Marrocos. A derrota portuguesa na Batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, levou ao desaparecimento de D. Sebastião, em combate, e da nata da nobreza, iniciando-se assim a Crise Dinástica de 1580, que levou à perda da independência para a Dinastia Filipina e ao nascimento do mito do Sebastianismo.
D. Henrique I de Portugal (1512 – 1580) foi o décimo-sétimo Rei de Portugal, tendo governado entre 1578 e 1580, data da sua morte. Ocasionalmente, é chamado, por alguns autores, de D. Henrique II, em virtude de ser o segundo chefe de estado de Portugal chamado Henrique, tendo-se em linha de conta o Conde D. Henrique, por aqueles chamado de D. Henrique I. É conhecido pelos cognomes de O Casto (devido à sua função eclesiástica, que o impediu de ter descendência legítima), O Cardeal-Rei (igualmente por ser eclesiástico) ou O Eborense/O de Évora (por ter sido também arcebispo de Évora e aí ter passado muito tempo e, inclusivamente, fundado a primeira Universidade de Évora).
D. António de Portugal (1531 - 1595), mais conhecido pelo cognome de o Prior do Crato (e, mais raramente, como o Determinado, o Lutador ou o Independentista, pela ênfase posta no recobro da independência de Portugal), foi filho do Infante D. Luís e neto de D. Manuel I, pretendente ao trono durante a Crise Sucessória de 1580 e, segundo alguns historiadores, Rei de Portugal (durante um breve espaço de tempo, em 1580, no continente, e desde então, até 1583, reconhecido como Rei nos Açores). Não consta, geralmente, na Lista de Reis de Portugal, contudo há quem considere que seria historicamente correto incluí-lo nela, pois não só foi aclamado Rei como teria reinado, de facto, durante um curto período. Porém, a maioria da historiografia, tanto em Portugal como a nível internacional, continua a caracterizá-lo apenas como um dos pretendentes ao trono em 1580, e assim, no ensino português, não lhe é atribuída a ordem de décimo-oitavo Rei de Portugal.