A Restauração da Independência
A Restauração da Independência é a designação dada à revolta dos portugueses, iniciada em 1 de dezembro de 1640, chefiados por um grupo designado de “Os Quarenta Conjurados” e que se alastrou por todo o Reino, contra a tentativa da anulação da independência do Reino de Portugal pela governação da Dinastia filipina, e que vem a culminar com a instauração da 4.ª Dinastia Portuguesa - a casa de Bragança.
A REVOLTA DO 1º DE DEZEMBRO DE 1640
Miguel de Vasconcelos e Brito, político português, desempenhou, no Reino de Portugal, os cargos de escrivão da Fazenda e de secretário de Estado (primeiro-ministro), da Duquesa de Mântua, vice-Rainha de Portugal, em nome do Rei Filipe IV de Espanha (Filipe III de Portugal). Era odiado pelo povo por, sendo português, colaborar com a representante da dominação filipina. Tinha alcançado da corte castelhana de Madrid plenos poderes para aplicar em Portugal pesados impostos, os quais deram origem à revolta das Alterações de Évora (Manuelinho) e a motins em outras terras do Alentejo. Foi a primeira vítima do golpe de estado do 1º de Dezembro de 1640, tendo sido defenestrado da janela do Paço Real de Lisboa para o Terreiro do Paço, pelos conjurados.
UM ESCONDERIJO APERTADO…
Depois de entrarem no palácio, os conspiradores procuraram Miguel Vasconcelos, mas dele nem sinal. E por mais voltas que dessem, não encontravam Miguel de Vasconcelos. Já tinham percorrido os salões, os gabinetes de trabalho, os aposentos do ministro, e nada!
Ora acontece que Miguel de Vasconcelos, quando se apercebeu que não podia fugir, escondeu-se num armário e fechou-se lá dentro, com uma arma. O que finalmente o denunciou foi o tamanho do armário: o fugitivo, ao tentar mudar de posição, remexeu-se lá dentro, o que provocou uma restolhada de papéis, o que bastou para os conspiradores rebentarem a porta e o crivarem de balas. Depois atiraram-no pela janela fora.
O corpo caiu no meio de uma multidão enfurecida que largou sobre ele todo o seu ódio, cometendo verdadeiras atrocidades, sendo deixado no local da queda para ser lambido pelos cães, símbolo da mais pura profanação.
A Duquesa de Mântua, Margarida de Sabóia, tentou, em vão, acalmar os ânimos do povo amotinado no Terreiro do Paço. Isolada e sem apoios locais, permaneceu aprisionada nos seus aposentos, incapaz de reconduzir os revoltosos à obediência do rei de Espanha. Consolidada a proclamação do duque de Bragança como o novo rei, com o nome de João IV de Portugal, Margarida de Sabóia foi autorizada a retirar-se para Espanha nos primeiros dias de Dezembro de 1640.